















Data | 02.2016 Sinopse: [“odara Em Pompeia tropecei num fio Plástico e duro como o tempo perdido Volátil e neutro, aviso de intempérie Ah, a comparação há-de perder-te 40 graus à sombra sem sombra possível Poeira e vento Lixo e secura um colar de limonada entre o comboio e o circo vertigem íntima quase sexual impossível regressar a Nápoles de barco no funicular olham intensamente a minha cara congestionada de lava seca sangro uma pasta vermelha coberta de cinza os bebés emparedados as fotos do invisível respiração suspensa desde o meio-dia o sol declina no fresco da colina verde a poeira ficou para trás dentro de mim há dois mil anos que se afunda na pele mal pisamos o solo atordoado de Pompeia e tropeçamos num fio em Pompeia tropeço e emudeço não há nada a pedir não há água, nem guias cada um força o olhar um pouco adiante o Vesúvio único lugar habitável paradoxo vulcânico na sua lógica introspectiva em Pompeia tropecei no tempo havia um fio perdido no ar tórrido o comboio atravessa o lixo o asfalto cortou-me à chegada só uma americana diz “can I help you?” os vendedores de limão viram costas ao sol em Pompeia as ruas estão limpas um bar de tapas chega da antiguidade trazido pelo vento áspero flutua na melancolia uma alegria intermitente paira entre os visitantes mudos um pouco ébrios de inalar esta natureza lávica os oscos sentaram aqui os rabos primitivos em plena luz crua mais tarde finou-se a liga dos cidadãos preocupados viviam no luxo no ócio no cio no álcool à sombra da declinação dos séculos por vir os gladiadores desfilam interminavelmente pela via dell’abbondanza na calçada irregular e agreste os objectos falsamente abandonados parecem exigir tanta atenção como o rosto de alguém que acabou de morrer deixa eu cantar para o mundo ficar odara dizia o poeta trágico mas ficou apenas cave cane queixava-se da falta de vocabulário como se fosse uma pontada nas costas” Rosa oliveira in “Cinza”] [“Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara Minha cara minha cuca ficar odara Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara Pra ficar tudo jóia rara Qualquer coisa que se sonhara Canto e danço que dará” Caetano Veloso , “Odara”] A partir do Livro “Cinza” de Rosa Oliveira e da sua alusão/inspiração musical (indicada pela própria) foi escolhido um Poema “Odara” que em conjunto com a Música “Odara” de Caetano Veloso foram o ponto de partida para este mundo de imagens. “O.Dar.A” é um Ensaio Fotográfico que pretende sentir. É dar Corpo a Imagens que se metamorfoseiam com o ritmo das palavras e sons, criando (pretendendo criar) um novo vocabulário “Como se fosse uma pontada nas costas”. Neste projecto haverá a colaboração do Músico Paulo Bastos, cuja interpretação desta música (“Odara” de Caetano Veloso), e respectiva performance estará ligada à apresentação deste ensaio fotográfico.